sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Feliz Natal 2021


                                                            Desenho: Maya Flor


 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Crescimento regredido



               Nesta resenha trago para vocês uma história cujo tema me deixou interessada. O curioso caso de Benjamin Button foi escrito pelo americano F. Scott Fitzgerald em 1920 e foi inspiração para o filme de mesmo nome em 2008. Este livro também possui historieta do autor chamada Bernice corta o cabelo que também irei analisar.

            No ano de 1860, o casal Button decide ter seu primeiro bebê num hospital, algo incomum para época. Qual não é a surpresa do senhor Button quando ele passa no hospital e descobre que seu filho nasceu velho?

Já pela premissa, vemos que há uma mistura entre realidade e fantasia, afinal, como uma mulher consegue dar à luz a um velho adulto sem ter morrido no parto? Isso nunca é explicado. Porém, isso não importa nem um pouco, pois o foco não é o porquê disso ter acontecido, mas como o protagonista viverá com isso.

            O curioso caso de Benjamin Button claramente mostra como seria um desastre se nós começássemos a vida como velhos e fôssemos rejuvenescendo conforme o tempo. Acredito que a vantagem de envelhecer é o amadurecimento que, para a tristeza do protagonista, isso não lhe acontece, ao invés disso, ele regride a cada ano que passa, o que faz com que a relação entre Benjamin e seus familiares seja muito diferente do restante das pessoas. Gostaria que tivesse mais capítulos explorando mais Benjamin e os outros personagens, mas ter uma história pequena é melhor do que não ter nada.

            Agora como um extra, vou falar de Bernice corta o cabelo. Bernice foi passar uma temporada na casa de sua prima Marjorie. Mas quando ela vai para as festas, ninguém quer dançar com ela por ser considerada uma chata, fazendo com que Marjorie tenha que convencer os rapazes. Ao descobrir isso, Bernice aceita a ajuda da prima para se tornar mais popular, começando a chamar a atenção das pessoas dizendo que ia cortar o cabelo, algo que parece que quase nenhuma mulher fazia na época.

            Vejo uma dualidade nesse conto através das duas primas com Bernice representando a jovem mais romântica, idealista e sensível, criada a moldes mais antigos enquanto Marjorie já é mais fria, manipuladora e saidinha. Acredito que tenha sido intenção do autor fazer Marjorie pior do que Bernice, mesmo a segunda tendo de fato enganado os outros com relação a sua verdadeira personalidade. E diria que funcionou, pois odiei Marjorie. Ela me faz lembrar daquelas garotas populares que implicam com a protagonista nos filmes de escola americanos. Assim como O curioso caso de Benjamin Button, gostaria que Bernice corta o cabelo fosse maior, pois fiquei curiosa com relação ao que aconteceu depois do final, apesar do fechamento da história não ser ruim.

            Se eu tivesse que dizer alguma semelhança entre ambas as histórias, diria que as duas mostram que temos que nos encaixar na sociedade ao máximo para ter uma vida relativamente boa e normal, principalmente na época em que essas historietas se passam. Nos dois casos tiveram que usar mentiras para que os personagens fossem aceitos e no caso de Benjamin, não deu muito certo. Colocando isso para os dias atuais, creio que o meio termo é a solução. Todo mundo tem gosto próprio e ninguém é igual a ninguém. Não há a necessidade de você mentir para alguém gostar de você. Em outros casos, a pessoa possui alguma condição que a impossibilita de ter uma vida padrão e o melhor a se fazer é tentar entender e aceitar. Mas a menos que seja um eremita, há regras que precisam ser seguidas para se conviver com as outras pessoas. O jeito é tentar se adaptar da melhor forma para haver equilíbrio entre o que você deseja e o que os outros esperam de você.

Por isso, recomendo a leitura de ambas as histórias. São bem curtinhas, mas podem te fazer pensar. Pois ao contrário da vida Benjamin Button, amadurecemos nossas habilidades conforme o tempo e a leitura é uma delas.

 


sexta-feira, 26 de novembro de 2021

O clichê de todo romance de cavalaria

 


            Não falei que continuaria esta saga até o final? Bom, O Castelo de Llyr é o terceiro livro das Aventuras de Prydain, escrito por Lloyd Alexander em 1966. Sigamos para o resumo:

            Infelizmente, Eilonwy não podia ficar para sempre em Caer Dallben. Então, ela foi mandada acompanhada de Taran e Gurgi para um navio em direção à ilha de Mona, onde a garota aprenderia a agir como uma princesa. Mas quando eles menos esperaram, aparece o próprio príncipe Gwydion disfarçado de sapateiro para avisar que todos correm perigo. Qual será esse perigo?

            Pelo parágrafo acima, faz parecer que a princesa Eilonwy teria um papel de destaque. E ela tem, mas apesar da história ser ao seu redor, a garota não tem um papel muito ativo neste livro pois aqui ela é a donzela sequestrada. O que é uma pena, pois apesar da personagem ter se tornado irritante para mim com o passar dos livros, ela tinha um potencial. Porém, aqui ela é só a principal motivação para Taran, cuja relação com ela apresenta um outro clichê que os livros anteriores já mostraram que é a dos dois jovens que se amam, apesar de viverem brigando. Além disso Eilonwy me deixou com raiva ainda no começo, quando ela julga as outras damas por ficarem no castelo e preferirem atividades tipicamente femininas enquanto ela gosta de aventuras, e ainda assim ela não parece ser tão diferente delas quando a questão é ser capturada pelo inimigo, pois não possui a habilidade de luta como a de seus companheiros homens. E quando o romance dá uma possibilidade dela ficar poderosa, ele não o faz. Isso me deixou bastante decepcionada.

            E quanto aos outros personagens? Eles foram tão ruins quanto Eilonwy? Não. A maioria dos personagens mantem as mesmas características que foram apresentados, com exceção de Taran, que finalmente aprendeu a ser mais responsável após as aventuras anteriores. Infelizmente, Doli, o anão rabugento, não aparece nesta história. Outro personagem aparece em seu lugar para completar o grupo é o príncipe Rhun, um jovem atrapalhado, mas de boas intenções. Também há o retorno de outro personagem que não aparece desde o primeiro livro que é Achren, a feiticeira mentora de Eilonwy, e a antagonista principal deste livro.

            Algo que percebi no livro anterior, O Caldeirão Negro e que também notei no Castelo de Llyr é que ambas as capas mostram cenas que não acontecem na história. No Caldeirão Negro, Eilonwy nunca segurou uma espada assim como neste livro, a gata gigante nunca atacou Taran e a princesa no castelo. Sei que não é um erro muito grande, mas acho que a editora deveria ter tido mais cuidado com isso.

            Já a história em geral, foi do mesmo modelo das outras em que os heróis encontram alguns desafios antes de ir para o conflito final, que devo dizer que foi meio fraco. Pelo menos o meio me entreteve o bastante.

Apesar das críticas, não achei O Castelo de Llyr inferior aos volumes anteriores. Diria que teve consequências menos sérias que O Caldeirão Negro, mas como disse no parágrafo anterior, eles seguem o mesmo padrão que é bastante típico da literatura infanto-juvenil. Faltam dois livros para acabar a saga. Então, continuarei viajando por estas terras. Até a próxima resenha!

 

 

 

 


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

O substituto

 

                                  

                                                               Roteiro: Mariana Torres

                                                               Desenho: Maya Flor



sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Cuidado com o rio

 


            Trago novamente mais um conto folclórico vindo do Amazon Kindle. As águas do rio foi escrito por G. G. Diniz e lançado na plataforma em 2018.

            Bruno vai acampar com os amigos próximo ao rio Amazonas, apesar da preocupação de sua mãe e de sua dinda, que avisou para não ir ao rio de noite. O que será que vai acontecer neste acampamento?

            A capa e o título já revelam qual ser do nosso folclore será a atração, que é a Iara. Mas ao invés de focar no aspecto mais sedutor da sereia, este conto mostra o seu lado de predadora e o que acontece com quem atravessa o seu caminho. Há também uma pequena aparição de outro ser folclórico, mas não revelarei qual, para caso vocês queiram ler.

            Recomendo o conto para quem quiser ler uma perspectiva mais adulta e violenta de um de nossos folclores mais populares. É um conto curto e de fácil leitura. E lembrem-se: Nunca vão ao rio à noite.


sexta-feira, 5 de novembro de 2021

De volta a Prydain...



                 Voltamos agora para o segundo volume das Aventuras de Prydain. O Caldeirão Negro foi escrito em 1965 pelo escritor Lloyd Alexander e, como o livro que lhe antecede, foi usado pela Disney como base para criar o filme O Caldeirão Mágico.

            Após a derrota do Rei Cornudo, Taran voltará às suas atividades normais de porqueiro-assistente. Mas as forças de Arawn não foram completamente acabadas e com o poder do caldeirão, ele cria mais guerreiros dos cadáveres roubados.

            Uma curiosidade que esqueci de mencionar na resenha de O Livro dos Três é que o autor inspirou esta história na mitologia e no folclore do País de Gales. Um exemplo são as três bruxas Orddu, Orwen e Orgoch, que são baseadas em uma lenda celta. Por falar nelas, as três e o caldeirão são os elementos deste livro que apareceram no filme O Caldeirão Mágico. A animação não segue a sequência certa dos dois livros, e acaba por misturar ambas as narrativas, além de excluir muitos personagens e infantilizar a adaptação.

            Falando nos personagens, como no livro anterior, temos todo o grupo de heróis de volta. Incluindo Doli, um rabugento anão do Povo Formoso, entrou para o grupo como guia para os outros quatro na segunda metade do Livro dos Três. Também temos Ellidyr, um príncipe habilidoso e arrogante; Adaon, filho do chefe dos bardos, que é calmo e misterioso; os outros amigos Gwydion, Morgant e Smoit; e as próprias bruxas que mencionei no parágrafo anterior, os únicos seres verdadeiramente neutros nessa guerra entre o bem e o mal.

Na resenha anterior, elogiei a interação do grupo principal, mas aqui vou expor os pontos negativos: neste livro, as brigas entre Eilonwy e Taran são mais irritantes do que engraçadas. Também não gosto como eles põem sempre Taran para ser o líder do grupo sendo que Fflewddur é mais velho e mais experiente que ele nas lutas. Por falar no protagonista, ele aparentava ter aprendido a lição no volume anterior de que uma aventura poderia ser perigosa. Aqui, ele parece ter esquecido tudo isto e estar ansioso para voltar à ativa. Talvez seja por causa das atividades tediosas de porqueiro-assistente. Espero que o resultado desta jornada fique gravado para o terceiro volume.

            De maneira geral, O Caldeirão Negro tem os mesmos elementos fantásticos do primeiro volume só que com um tom um pouco mais sombrio (houve mortes importantes neste livro), com um ou outro clichê típico da narrativa deste gênero (quem diria que o cavaleiro sério que se veste todo de negro não trairia os outros no final...). Apesar disso, este livro me entreteve. Ainda faltam mais três livros para terminar. Por isso, minha jornada por Prydain deve continuar.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Eu também posso

                    

                                    Roteiro: Mariana Torres

                                    Desenho: Maya Flor
 

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Um lado sombrio do folclore



            Trago novamente outro livro de contos do nosso folclore que achei no Amazon. Raízes de Vento e Sangue foi escrito por Lauro Kociuba e lançado na plataforma em 2017. Coincidentemente, a pessoa que escreveu a abertura desse livro foi Adriolli Costa, autor do Colecionador de Sacis e outros contos folclóricos, que já foi resenhado no Blog. Vamos aos contos:

 

Kaapor – Na floresta, um ser meio humano e meio animal tem uma memória repentina de quando sua mãe o carregava em suas costas, antes de se tornar o que é hoje. Pesquisei o nome Kaapor e encontrei que caapores são um povo indígena que vive no Maranhão. Mas suponho que esta história seja baseada no mito da Caipora.

Y-îara – Yainité decide invadir as terras do feiticeiro Icapiranga, homem que controla tribos de mortos-vivos. História da Iara que conta sua vida como guerreira indígena antes de se transformar em sereia.

Pisadeira – Há muito tempo atrás, ela foi adorada pelo seu conhecimento. Mas como o tempo passa e evolui, ela teve que mudar os seus métodos para preencher o seu vazio. A Pisadeira é uma mulher horrorosa que atormenta os outros enquanto dormem. Este conto trata de contar o que ela fazia antes e como se tornou o que é agora.

Sa’si – Depois de muitos anos, Carlos vai visitar a fazenda dos avós, que está prestes a ser vendida após a morte deles. Tudo está coberto de geada, exceto o círculo de árvores que Carlos nunca se aproximara quando era jovem. O título já diz de que ser será o foco. Um conto bem viajado.

Mula sem Cabeça – Jesuína sempre sentava no banco próximo ao confessionário da igreja. Desde que o jovem padre chegara em sua cidade, Jesuína não pode deixar de notar a vinda de uma moça, a cada hora com um decote diferente, parecendo tentar o padre. Fiel a sua igreja, Jesuína decide fazer uma coisa para acabar com essa pouca vergonha. Mas lembrem-se, as aparências enganam.

Boto – Depois de anos atraindo e engravidando mulheres, o boto, já mais velho, começa a sentir pouco prazer em suas ações, além de se perguntar se era apenas isso que o definia. Até que ao chegar num puteiro, conhece uma mulher que é imune aos seus encantos. Final surpresa.

Boi – Ribas está interpretando Chico da peça Bumba meu boi. Mas a história de Francisco não é uma comédia. Nesse conto, há duas histórias sendo contadas: uma é a peça e a outra é o acontecimento verdadeiro. Um final que eu não esperava.

 

            De maneira geral, me entretive. Meu conto favorito foi o Boi pois de todas as lendas, essa era uma que tive de pesquisar para saber sua história e o jeito como mistura a peça com o que ocorreu foi muito bom. Recomendo a leitura a quem deseja ver mais variedades de histórias de nosso folclore.


terça-feira, 12 de outubro de 2021

Desventuras em Série: a resenha

 


            Feliz Dia das Crianças! Para comemorar esse dia especial que infelizmente já não participo mais, vou fazer uma resenha de uma série que marcou esse período da minha vida. Reli todos os livros de Desventuras em Série, com exceção dos dois últimos, que li agora pela primeira vez pois não cheguei a ler na época devido a chegada do meu vício: o computador. Desventuras em Série foi escrita por Lemony Snicket (falarei dele depois) e lançada nos Estados Unidos entre 1999 e 2006 e no Brasil nos anos de 2005 e 2006.

            Infelizmente, os irmãos Baudelaire perderam os pais em um incêndio, herdando deles uma grande fortuna. Mas só poderão recebê-la quando Violet, a mais velha, atingir a maioridade. Enquanto isso, ela e  seus irmãos Klaus e Sunny terão de viver na casa de um tutor, nesse caso, um homem conhecido como Conde Olaf, que vive em uma mansão em péssimo estado. Mas o que acontecerá quando as más impressões que elas tiveram de seu novo tutor se provaram corretas?

            Ao invés de começar a falar da história e de seus protagonistas, vou começar por algo que chamou a minha atenção quando comecei a ler o livro com mais ou menos onze anos de idade: seu narrador. Lemony Snicket foi o primeiro contato que tive com um narrador que conversa com o leitor. Seu jeito pessimista, dizendo para que eu parasse de ler o livro era um dos fatores que me deixava com mais vontade de ler a série. Porém, relendo agora como adulta, teve uns momentos que ele me deixou irritada, principalmente quando parava a história para explicar o significado de uma palavra ou frase. Acabei me acostumando depois. Apesar de não fazer parte da narrativa dos Baudelaire, Lemony é um personagem que faz parte desse mundo criado por Daniel Handler, o nome verdadeiro do autor de Desventuras em Série, assim como sua amada Beatrice, mencionada em suas dedicatórias. Então, vai uma dúvida: Lemony Snicket é um narrador personagem ou não?

            Quanto aos protagonistas, cada um possui uma habilidade própria. Violet, a mais velha, é uma inventora que faz sempre algo novo com qualquer sucata que encontra. Klaus, o do meio, tem uma ótima memória além de ser bom com a leitura e palavras difíceis. Sunny, a mais nova, ainda é um bebê e possui dentes afiadíssimos e gosta de morder, além de ser bem esperta para sua idade apesar do pouco vocabulário. Já as suas personalidades, não tenho muito que falar. São crianças boas que fazem o leitor sentir pena por suas desventuras, mas tirando isso, achei elas meio genéricas. Os outros personagens não são tão diferentes quando o assunto é a falta de complexidade. Conde Olaf é basicamente a personificação de um vilão enquanto a maioria dos adultos é estúpida e ignorante, sendo de pouca ajuda para os irmãos. Isso não é algo necessariamente ruim, mas só é estranho que lá mais adiante nos livros, o autor tenha tentado deixar as coisas mais complexas com a discussão de bem e mal e se pode ou não ser as duas coisas quando a maioria dos personagens é unidimensional.

            Agora, vamos para a história. Como posso descrevê-la para vocês? É uma estranha mistura de tragédia, mistério e desenho animado. Tragédia porque há mortes, traição, sequestro e adultos idiotas que nada resolvem. O mistério vem a partir do quinto livro em que os Baudelaire ouvem pela primeira vez da organização secreta chamada C.S.C e a partir deste momento, eles tentam descobrir mais sobre ela. Desenho animado devido ao quão bizarras algumas dessas situações parecem se forem colocadas no nosso mundo, como por exemplo as invenções feitas por Violet e os dentes de Sunny. Sério, este bebê já lutou espada e escalou uma parede usando apenas quatro dentes. Eu colocaria Violet e Klaus como garotos prodígios enquanto Sunny já estaria em outro patamar, junto com os X-Men e outros mutantes.

            Encontrei várias referências ao decorrer da série. Por exemplo o sobrenome Baudelaire vem do escritor Charles Baudelaire, e isso também ocorre com outros personagens como o senhor Poe (Edgar Allan Poe), Georgina Orwell (George Orwell) e o vice-diretor Nero (imperador Nero).  Uma cena do último livro também me faz lembrar de uma passagem da Bíblia, mas não vou dar mais detalhes para não dar spoilers. Talvez encontrem mais referências que eu não tenha fisgado.

            Todos os livros possuem ilustrações de Brett Helquist. O interessante é que no último desenho de cada livro, dá uma dica do que aparecerá no próximo. Além disso, acho que seu estilo combina com o público que a série deseja atrair.

            A franquia de Desventuras em série possui outros livros que complementam seu universo como The Beatrice Letters (As cartas de Beatrice), que infelizmente não possui tradução para o português e a coleção Só perguntas erradas, que retrata a infância de Lemony Snicket. Um filme foi lançado em 2004, adaptando os três primeiros livros e foi o meu primeiro contato com a franquia. Também saiu uma série em 2017 adaptando o material completo. Não preciso dizer que houve mudanças ao passar o texto para as telas.

            Minha opinião geral com relação a Desventuras em Série: Por um lado, sentia raiva da burrice dos adultos e pena das crianças por tudo aquilo que elas passaram. Mas ao mesmo tempo, tinha curiosidade em saber como terminava. E como esperava, seu fim foi doce e amargo, mais para o amargo. Por haver mortes, muitos acham que seja inapropriado para crianças. Acho que isso depende do gosto pessoal e principalmente do nível de maturidade. A decisão fica nas de mãos dos pais. Ou do tutor, caso sejam órfãs. Nesse último caso, como diria Lemony Snicket, aconselho a não ler este livro pois só lhes trará desventuras em série.


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Do que estão brincando?

 


                                Roteiro: Mariana Torres

                                Desenho: Maya Flor

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

O Mundo de Prydain

 


            Já ouviram falar do Caldeirão Mágico, filme lançado pela Disney em 1985 que quase faliu a empresa? Ele é baseado em dois de cinco livros da coleção As aventuras de Prydain do americano Lloyd Alexander, que foram publicados entre 1964 e 1968. Nesta resenha, analisarei O Livros dos Três, primeiro livro da saga. Será que ele é melhor que sua adaptação cinematográfica ou foi melhor mesmo que ele tenha fracassado no cinema para que não tenha mais continuações?

            Taran é um jovem que sonha em ter uma aventura. Ele trabalha na fazenda do senhor Dallben, homem que possui imenso conhecimento sobre a terra de Prydain. Este também é dono de uma porca com o dom oracular. Quando os animais começam a agir de modo estranho, Taran foi vigiar a porca. Mas esta consegue escapar e vai em direção a floresta. E Taran vai atrás, sem o conhecimento de que outros estão atrás dela, inclusive o terrível Rei Cornudo.

            O tipo de jornada e os personagens parecem terem sido escritos tendo com o público infanto-juvenil em mente. Me lembrou bastante os livros da coleção Deltora Quest, que li quando tinha uns onze anos de idade, pois se passam em um ambiente fantástico, com acontecimentos que desviam do objetivo principal, mas que acabam sendo úteis no final e um grupo de heróis de personalidades diferentes onde cada um tem seu papel e utilidade durante o percurso da história.

            Falando dos heróis, vou lhes descrever: Taran, o protagonista da história, começa como o garoto ignorante que faz tudo sem pensar, mudando de atitude ao longo da jornada. Gurgi é um ente que parece ser uma mistura de homem com macaco guloso e medroso. Por ter perdido a maior parte de seus instintos animais e não ter a inteligência completa dos humanos, Gurgi fica meio perdido em ambos e tenta o máximo ser útil quando vira amigo do grupo. Gwydion é um príncipe que serve como mentor de Taran na floresta e que dá mais informações sobre os inimigos. Apesar de ter certa impaciência com as atitudes pouco precavidas de Taran, é um sujeito honrado. Eilonwy é uma princesa meio louquinha e tagarela. Fflewddur Fflam (nome bem estranho), um bardo de aparência desengonçada, parente de Gwidion que é corajoso e cujas cordas da harpa soltam quando este conta uma mentira. É interessante ver personagens tão diferentes interagindo.

            No começo do livro, já se nota algumas das mudanças feitas ao passar o texto literário para o cinema, como a existência de alguns personagens que não aparecem em sua adaptação animada. Ao contrário do filme, o Rei Cornudo não é o vilão principal e sim Arawn, um homem que tomou vários tesouros de Prydain e é capaz de ressuscitar os mortos graças a um caldeirão mágico. O Rei Cornudo é apenas um capanga. Há também uma outra vilã no livro que é inexistente no filme chamada Achren. Ela é uma feiticeira e tia de Eilonwy, que deveria ensinar magia para a garota como tradição familiar. As meninas aprendem feitiços enquanto os meninos aprendem a guerrear. Por falar em Eilonwy, a esfera mágica que flutuava e a seguia, tendo vida própria, é apenas uma bola brilhante sem vida que a garota usava para brincar. Há ainda mais diferenças, mas deixarei que os curiosos procurem por si só.

            Uma reclamação que seria da escolha de título. O Livro dos Três quase não aparece e só tem alguma relevância quando Taran se lembra de alguma figura histórica que aparece nele. Talvez algo como “Viagem a Caer Dathyl” teria sido uma escolha melhor. Outra coisa que também não me agradou foi o clímax, que foi resolvido muito rapidamente. Mas como este é o primeiro de cinco livros, vou deixar passar.

            Pelo que vi neste primeiro, As aventuras de Prydain tem potencial para ser uma boa série de livros. O final é fechado, mas abre a possibilidade para uma continuação e, como já sei que tem mais quatro livros depois, vou prosseguir com a leitura.

 


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Encontrando sacis



        Novamente, trago para vocês um outro ebook relacionado ao nosso folclore. O Colecionador de Sacis e outros contos folclóricos foi escrito por Adriolli Costa e lançado no site da Amazon em 2020. Como se trata de um livro de contos, resumirei cada um e darei minha opinião geral no final.

           

O Colecionador de Sacis – Depois da morte de seu pai, a narradora aparece para visitar a velha casa, com a velha coleção de garrafas, cada uma contendo um saci aprisionado. Um conto emotivo que não te dá a total certeza se era ou não fantástico.

Cor de Rosa – O narrador fala de seu encanto por um homem conhecido como Rosa. Já pelo título, já sabemos que se trata da lenda do boto cor-de-rosa, mas de uma perspectiva LGBT.

Mitomania – Num provável futuro onde a tecnologia é bem desenvolvida, um grupo se rebela contra o Líder, que usa das suas mentiras para manipular o povo. O conto apresenta um confronto entre o novo das máquinas e o antigo das lendas.  Os seres do folclore que mais chamaram a atenção foram o Saci e o monstro Labatut, um ser cabeludo de um olho só cujo nome é vindo de um general francês, Pedro Labatut, conhecido por ser muito cruel com seus adversários. Ambos os seres são bastante apropriados na história que é contada.

A Alma do Povo – Um antropólogo se perde numa estrada com sua caminhoneta. Ele a para e pede ajuda a um caipira. Este conto é sobre um personagem tradicional português e brasileiro chamado Pedro Malasartes, um sujeito que usa da malandragem para se dar bem.

Três Desejos – Pedro faz um ritual para invocar um saci. Ele deseja fazer um pacto com a criatura, que em troca quer lhe dar três desejos. Um conto bonitinho, com o famoso “cuidado com o que você deseja". Não esperava que o saci desse conto tivesse empatia.

Sem Cabeça – Numa noite mais quente do que o normal, aconteceu um massacre na cidade de São João, no interior de Minas Gerais. O que será que provocou? Padre Ignácio, homem curioso, decide investigar. Pelo título, já dá para saber qual ser do folclore aparece neste conto. Mas o importante não é saber quem é o culpado, mas o porquê. Uma história que se encaixa bem com o mito.

Retomada – Num futuro distópico, Ramiro pede a seu amigo Arthur para tirar o seu braço de metal enquanto conta sobre sua descoberta. Acredito que este conto se passe no mesmo mundo de Mitomania. Esta história se foca no apagamento de parte da cultura brasileira.

 

            De maneira geral, achei os contos ok. Os meus favoritos foram Três Desejos e Sem Cabeça, sendo que neste último, o autor poderia criar várias outras histórias com o Padre Ignácio caçando outros mitos. Se você deseja conhecer, pegue uma garrafa vazia e uma peneira e se prepare para a captura.

 


sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Censura da memória


 

            Finalmente li A Memória de Babel, o terceiro livro da Passa-Espelhos de Christelle Dabos que foi lançado em 2017 na França enquanto aqui no Brasil só saiu em 2020. Espero que o próximo saia este ano para não me esquecer dos detalhes.

            Dois anos e sete meses se passaram desde a fuga de Thorn e o encontro com “Deus”. Desde este tempo, Ophélie voltara a Anima, onde as Decanas a vigiam. Mas ela acaba recebendo uma visita surpresa que a tirará desta terra e a levará para outra. Será que no meio disso tudo, ela se reencontrará com Thorn?

            Primeiramente, agradeço a editora por ter a bondade de deixar um resumo dos acontecimentos do segundo livro, para refrescar a memória. Por falar nisso, um dos focos principais da Passa-Espelhos é a luta pela permanência da memória, enquanto os poderosos tentam destruir os acontecimentos passados. Como por exemplo em Anima, onde as decanas mandaram tirar todos as peças do museu que envolvessem as guerras passadas. Também acontece isto na arca de Babel, onde se passa este livro, que há muita censura nos livros e proibições no vocabulário das pessoas. Coincidentemente ou não, isso remete a acontecimentos recentes, com a destruição de estátuas por protestos radicais e censura ou mudança em alguns livros que hoje são considerados polêmicos. Não podemos mudar o passado, mas também não podemos nos esquecer dele, pois assim não cometeremos os mesmos erros.

            Nos livros passados, já foi dito que havia várias arcas governados por outros espíritos familiares. Aqui somos apresentados a arca de Babel, governados pelos gêmeos Pólux, cujo todos os nascidos com poderes são de sua descendência, e Hélène, que não pode ter filhos, por isso acolhe os sem poderes e estrangeiros como seus afilhados. Gosto da construção de mundo que é feita nesses livros, mas acho que infelizmente, não será tão bem aproveitada, pois a história acaba no quarto volume. A menos que a autora decida prosseguir como outros personagens.

            Como no volume anterior, além de A Memória de Babel apresentar o ponto de vista Ophélie, também apresenta alguns capítulos focados em Victoire, a filha de dois anos de Berenilde que apareceu no segundo livro como uma recém-nascida. Apesar de parecer uma escolha estranha no início, Victoire não é uma criança comum, como é de se esperar de uma filha direta de um espírito familiar. Apesar de não saber andar ou falar, ela é bem esperta para sua idade e possui um poder desconhecido dos outros de separar a alma de seu corpo.

            Com relação ao romance, me incomodou um pouco que a motivação de Ophélie tenha sido o amor ao seu marido. Algo meio estranho de eu dizer, pois estava torcendo para que os dois se apaixonassem, mas não sei dizer o porquê agora isso me incomoda. Talvez porque nunca tenha visto esta personagem como alguém que se apaixonaria a ponto de se arriscar desse jeito.

Enquanto os mistérios apresentados nos outros dois volumes, alguns já foram respondidos e espero a conclusão no último livro. Enquanto isso, tentarei guardar em minha memória todos os acontecimentos deste romance o máximo de tempo possível. Espero que a tradução não demore, pois esqueço das coisas tão rápido quanto os espíritos familiares.

 

 


sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Me empresta?


                                     Roteiro: Mariana Torres

                                     Desenho: Maya Flor

domingo, 22 de agosto de 2021

Rubi

 


                                                    Em um canto bem escondido da floresta,

                                                    nasceu uma estranha criatura...


                Oi gente! Feliz dia do Folclore! Para comemorar, lancei o livro Rubi, que é baseado no mito do carbúnculo. Quem tiver interessado, comente aqui ou entre em contato pelo email editoraponteparaoimaginario@gmail.com

                                            Abraços,

                                                                Mariana Torres.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Conhecendo o folclore piauiense

 


            Trago novamente outra obra nacional vinda da Amazon. Pássara foi escrito por Auryo Jotha e lançada em 2020 no site pela editora Lendari.

            Cícero, junto a três aves, vive a caçar seres sobrenaturais. Em troca dos dentes de um Corpo Seco, ele negocia um jeito de trazer uma pessoa de volta a vida.

            A primeira coisa que devo mencionar é o tanto de seres de nosso folclore que aparecem neste ebook, muitos deles desconhecidos pela maioria. O Corpo Seco mencionado no resumo é um ser que de acordo com sua lenda, foi tão mal que foi rejeitado tanto pelo céu quanto pelo inferno e vaga pela terra sem rumo, sugando a energia vital pelo toque, como se fosse uma mistura de zumbi com vampiro. Há os encantados, seres sobrenaturais ligados à natureza, capazes de mudar de forma. Seriam equivalentes às fadas europeias. Agora dois mitos piauienses que eu não conhecia: o Zamba, ser humanoide de pescoço longo que protege as florestas e é capaz de curar a vegetação; e o Barba Ruiva, que foi abandonado quando bebê e resgatado pela própria Iara. Ao amanhecer, ele aparece na forma de menino, enquanto ao entardecer e anoitecer, adquire a forma de um homem de barba ruiva e um velho respectivamente. Ele vive na Lagoa de Paranaguá, onde espera que uma moça quebre o seu encanto jogando água benta em sua cabeça.

            O romance é dividido em dois pontos de vista, que é o de Cícero e o de sua esposa Rosa. A escolha desse tipo de narrativa teve um propósito, pois ela faz parecer que é uma coisa, mas revela no final ser outra. Admito que fui pega de surpresa.

            Recomendo este ebook para todos que queiram uma história bem construída com seres do folclore piauiense. E lembrem-se: Cuidado com as palavras.

      


sexta-feira, 6 de agosto de 2021

A Princesa Encantada de Jericoacoara

 


            Desde que ganhei o Kindle, tenho ido em busca de histórias nacionais, de preferência, baseados em lendas do folclore brasileiro. Esta é uma delas. A Princesa Serpente foi escrita pela autora Angelique Ruthven e lançada na Amazon em 2019.  

            Depois de anos, João e seu amigo Paulino decidiram voltar ao farol de Jericoacoara. Desde que avistou a famosa princesa da lenda na Festa de São João de 1997, João não parava de sonhar com ela, pedindo para que a salvasse. Algo terrível está para acontecer.

            Esta história é uma releitura da lenda da princesa encantada de Jericoacoara, uma mulher que vive em uma gruta desse local, amaldiçoada com um corpo de serpente, mantendo apenas o rosto e os pés humanos. Em sua caverna subterrânea, vários tesouros são guardados por trás de um portão de ferro. Para libertá-la desta maldição, alguém teria se oferecer como sacrifício e com o seu sangue, fazer uma cruz em seu corpo. Assim, ela voltaria a ser humana e o portão se abriria.

            Após contar o resumo do ebook e da lenda, já dá para adivinhar o final deste livro. Apesar de ser previsível, gostei de conhecer esta releitura mais adulta com uma pitada de horror. Também senti que a autora misturou um pouco com o mito de outro ser conhecido mundialmente: a sereia.

            Recomendo a todos que querem conhecer a lenda da princesa de Jericoacoara em um tom mais adulto. Apesar de ser dividido em capítulos, o ebook tem uma história curta e de fácil leitura. E lembrem-se: Se um amigo te convidar para ir com ele até o fundo de uma caverna para encontrar uma princesa encantada, recuse imediatamente.


sexta-feira, 30 de julho de 2021

O prêmio


                                         Roteiro: Mariana Torres

                                        Desenho: Maya Flor

sexta-feira, 16 de julho de 2021

O início da Terra Média

 


           Chegamos à lenda da literatura fantástica, que influenciou vários autores do gênero. John Ronald Reuel Tolkien nasceu na República do Estado Livre de Orange na África e escreveu O Hobbit, primeiro livro que envolve o mundo do Senhor dos Anéis, em 1937. Este livro deu origem a três filmes live-action: O Hobbit: Uma Jornada Inesperada em 2012; O Hobbit: A Desolação de Smaug em 2013; O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos em 2014. Também teve uma adaptação na forma de animação em 1977 de mesmo nome. O escritor foi grande amigo de C. S. Lewis, que criou As Crônicas de Nárnia e ambos faziam parte dos Inkilings, grupo que se reunia para discutir sobre a literatura.

Como a maioria dos hobbits, Bilbo Bolseiro não queria saber de aventuras e apreciava a vida tranquila de sua toca. Até que Gandalf, um mago conhecido por levar a aventura aos outros, o chama para uma jornada. Bilbo recusa educadamente. Mas mesmo assim, o chamado foi até ele.

Já pelo resumo acima, nota-se como a história é similar a de um RPG (Role playing game), jogo que as pessoas interpretam personagens em uma aventura enquanto alguém narra os eventos. E não para é se esperar menos, pois este e todos os outros livros da coleção do Senhor dos Anéis serviram de inspiração para vários jogos desse gênero por causa das raças e habilidades dos personagens e da construção de mundo.

Falando dos personagens, suas personalidades são simples. O mais desenvolvido é Bilbo, que como a maioria dos hobbits, não gosta de aventuras e confusão, mas por possuir o sangue aventureiro do lado da mãe, ele é esperto e possui bom coração. Gandalf é o mago sábio que traz o chamado da aventura e seus contatos e habilidades foram bastante úteis no começo da aventura. Por serem muitos, os anões que acompanharam Bilbo nesta aventura não tem características muito distintas uns dos outros. Só dois deles se destacaram: Thorin, o líder e herdeiro do tesouro que Smaug tomou; e Bombur por ser o mais gordinho e o que mais se metia em furada.

O Hobbit traz uma caracterização simples, porém interessante, dos seres que habitam o seu mundo. Os dragões por exemplo, são atraídos por tesouros. Há wargs, que são lobos grandes com sua própria linguagem e aliados aos goblins, e as águias gigantes, que também possuem sapiência e falam. Isso tudo além dos elfos, humanos, anões que gostam de tesouro e são bons em construir coisas e hobbits, seres pequenos com pés grandes que, como disse anteriormente, gostam de viver uma vida tranquila e pouco excitante. Trolls que são seres horrendos de grande porte e morrem em contato com a luz do sol. Também tem um intelecto baixíssimo. E os goblins, criaturas mal-encaradas que vivem no subterrâneo.

            Uma reclamação que gostaria de fazer sobre a edição que li pode ser considerada boba, mas a tradução de goblins e trolls para gobelins e trols me sou bastante estranha. Tirando isto, a Harper Collins Brasil fez um bom trabalho trazendo as ilustrações originais assim como informações do processo criativo do autor.

            Outra coisa que não gostei muito foi o tamanho de detalhe que Tolkien dá nas descrições e nas canções. Houve até um momento engraçado nesta última em que li sem prestar muita atenção na letra e na hora em que o Bilbo pergunta sobre do que se trata a missão e Thorin lhe responde algo como “Por acaso não prestou atenção na música?” Aparentemente, o próprio autor esperava que o leitor fosse pular a música para fazer esta pegadinha. Voltando ao assunto, Tolkien se dedica muito em descrever os locais, mas na hora de uma que poderia ser considerada uma das maiores batalhas durou apenas um capítulo e pouco e quase não houve interações entre os personagens principais. Ele podia ter deixado de lado algumas de suas canções para trabalhar mais nisso.

            De maneira geral, tive uma leitura agradável. Esta narrativa possui vários elementos contidos na jornada do herói, como a recusa do chamado, os primeiros obstáculos, a figura do mentor etc. que apesar de ser uma fórmula antiga e bastante usada, nunca fica velha. Se desejar participar da aventura, espere um mago passar pela sua casa e convide-o para tomar um café. A primeira impressão dá bastante pontos.


sexta-feira, 9 de julho de 2021

Limpeza dental 2

 

                                

                                                        Roteiro: Mariana Torres

                                                        Desenho: Maya Flor

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Olha a chuva! É mentira!



                Trago novamente um conto da Amazon. O causo do coronel que capturou a chuva foi escrito por Victor Lima e lançado na plataforma em 2020.

            Em uma terra dominada pela seca, uma mulher vaga, lembrando de quando encontrou um Insurreto na infância e dele contando como a chuva foi roubada.

            O interessante desse conto é como ele mistura a realidade que essa personagem vive, que parece ser um mundo distópico, causado pelos males do ser humano, e a história que o Insurreto conta sobre o coronel que roubou a chuva, que lembra muito mais as lendas folclóricas de nosso país.

            Não há muito que falar. Apesar do título enorme, conto é bem curto e fácil de ler, com um final bonitinho e esperançoso. Recomendo a leitura.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

A gravidade do mundo

 


            Vamos para uma obra pouco conhecida de um autor que poucos conhecem, mas que teve muita importância no mundo literário. A Princesa Flutuante foi publicada pela primeira vez em 1864, junto com outras histórias no livro Adela Cathcart e foi escrita pelo escocês George MacDonald. Ele foi mentor de Lewis Carroll e a pessoa que o convenceu de publicar o manuscrito de Alice no País das Maravilhas. O escritor também influenciou grandes nomes como C. S. Lewis, Mark Twain e J. R. R. Tolkien.

            O rei estava muito impaciente e queria logo ter filhos. Quando sua filha finalmente nasceu, ele decidiu enviar vários convites para o batismo da menina. Mas esqueceu de convidar a sua irmã, a princesa Makemnoit. Rancorosa, ela foi mesmo assim e enfeitiçou a criança que começou a flutuar após a água ser jogada em sua testa.

            Pelo resumo acima, já vimos que A Princesa Flutuante se assemelha ao conto da Bela Adormecida. Mas apenas no começo. A trama da história se dirige para uma direção completamente diferente.

Além de construir bem o funcionamento da estranha condição da princesa, MacDonald aproveita também para relacionar com a personalidade da garota. A princesa não sente tristeza e dá gargalhada de tudo. Parece também não possuir muita empatia pelos outros, por viver sempre fora do chão e ser diferente dos outros. Ela não sente o peso do mundo, literalmente e figurativamente. O único lugar em que ela pode se sentir séria é quando está dentro do lago de seu reino, seu local favorito, cuja água a faz ter gravidade de novo. É bem simbólico uma pessoa que vive em seu próprio mundo flutuar nas nuvens, longe de tudo e de todos.

            Outro personagem que tem um papel importante para a história é o príncipe. Ele é descrito como alguém perfeccionista, sempre vendo defeito nas princesas que conhecia. Com exceção da nossa protagonista, cujo único defeito que ele vê é o de flutuar. Já eu, encontrei mais defeitos nela, como mencionei no parágrafo acima, mas nem tudo que é perfeito para mim será perfeito para o outro. Independente disso, ele será uma peça-chave para a mudança da princesa. Os demais personagens cumprem bem o seu papel, e o autor aproveita para dar um pouco de personalidade a eles.

            Algo que para alguns seria considerado bobo é que a maioria dos personagens não possui nome. Os únicos que possuem nome são a vilã da história, Makemnoit e os dois filósofos chineses, Mono-Tono e Imita-Tong, que abriram uma discussão interessante do porquê a princesa flutuava e como trazê-la de volta, mas acabaram não tendo relevância nenhuma. Pelo menos a princesa titular e o príncipe poderiam ter sido nomeados.

            Apesar de adorar finais felizes, acho que teria sido de grande impacto se tivesse terminado em um sacrifício. Pois isso daria ao livro um tom maior de gravidade pois seria um peso que a princesa teria de guardar para a vida inteira após a quebra de seu feitiço.

            As ilustrações dessa edição foram feitas pela espanhola Mercè López. Os desenhos são bonitos e parecem terem sido feitos com tinta. Alguns deles dão um certo ar de melancolia, mas isso não estraga a obra, pelo contrário, só dá um charme a mais ao texto.

            Gostei do livro e do estilo de escrita do autor. Agora consigo compreender como seus livros inspiraram vários escritores conhecidos. Pena que suas obras são raras de se encontrar por aqui. Mas quem sabe se olharmos para o céu, um de seus livros flutue até nós. Ou nós mesmos podemos flutuar até eles. É só pagar uma passagem de avião e procurar em alguma livraria americana.


terça-feira, 8 de junho de 2021

Quem roubou o milho?

 


                                    Alguém roubou o milho da fazenda do Simão. 

                       Juninho, um cavalo esperto, decidiu investigar na Festa de São João.


Oi gente, nesse mês de junho, para comemorar a Festa Junina, eu e minha irmã Maya Flor lançamos o livro Quem roubou o milho? Quem tiver interessado, comente aqui ou entre em contato pelo email editoraponteparaoimaginario@gmail.com